quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Whatever...

Estou nem sei bem como.

Sinto-me que nem consigo descrever.

Gasto-me mais depressa que tudo.

Penso de forma impensável.

Sou forte como uma esponja.

Nasci fraca como um estrondo.

Aprendi não sei porquê.

Ignorei algo que me falta.

Reti o que não devia.

Gosto do que não existe.

Cresci sobre algo incerto.

Sonho com o que não virá.

Corro já sem fôlego.

Espero o que mais amo.

Salto tanto quanto me enterro.

Sobrevivo ao que me mata.

Descomprimo o que não tenho.

Solto o que não chego a apanhar.

Grito a agonia que não me pertence.



Escrevo do que não conheço.

sábado, 11 de setembro de 2010

Tão perto, mas tão longe...

Estou longe e não posso... Faria tudo para ficar por perto; para ser constante e não casual...

Gostaria de poder presenciar cada momento, de deixar o mundo virtual e receber a realidade... Mas não me soltam, não me dão o empurrão que peço encarecidamente...

Seria bom estar lá. Seria bom, se deixassem...

Agora que faz parte de mim, não podem tirar nem proibir. Agora, agora têm de oferecer. Assim, seremos todos mais felizes, mais ágeis ao que virá...

É novo, ainda está pintado de fresco, mas não podem impedir que seque, que amadureça...

É diferente, é novidade. De início custa, se não for o vosso hábito, mas, com o passar do tempo, adaptar-se-ão ao novo caminho.


...mas, bloquear a passagem, nunca poderão...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Grr!

Andei a fazer exames, análises, ecografias e nada...

Mandaram-me acordar a meio do meu sono de beleza, ficar em jejum, depositar o meu "alívio da manhã" numa garrafa de plástico, beber líquidos com sabor a limão estragado, tirar duas doses de sangue fresquinho e esperar duas horas numa entediante sala de espera... Tudo em vão.

Era suposto saberem o que se passa! Eles é que são os médicos! Mas, em vez de porem as cabecinhas grisalhas a pensar, não, obrigam-me a andar de clínica em clínica, com um saco na mão carregado de papéis rascunhados e de envelopes com películas "a negativo" dentro.


Hoje de manhã, bem de manhã, segui outra vez numa das grandes desventuras.


Um cheiro a químicos num dos compartimentos da "sala branca" invadiu o meu oxigénio. Um odor completamente penetrante! Um "Holter" foi o que me levou lá (um exame para verificar o meu ritmo cardíaco durante umas belas 24 horas).

Deixaram-me um recado: NÃO PODES UTILIZAR O TELEMÓVEL ATÉ TIRARES O APARELHO. (grr, pensei.)

Ao abandonar o edifício, olhares de desconhecidos analisavam o meu peito coberto de "fita-cola" e de fios pretos, e uma bolsa cúbica agarrada à minha cintura.

Na rua, nas lojas ou no super-mercado, fui alvo de... de chacota não digo, mas, se se pudessem ver os pensamentos de cada um, estes seriam uns vermelhos, gordos e bem visíveis pontos de interrogação.

Para conseguirem imaginar bem a minha pessoa, imaginem alguém que estivera internado uns tempos e que fugiu do hospital, levando toda a aparelhagem atrás de si.


Isto arranha, não me deixa tomar banho e é desconfortável! Quero tirar isto de mim!!!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Sorrir.

Gosto de sorrir.

Gosto de aproveitar o maior prazer da vida: arrepanhar os cantos da boca, mostrar todos os dentes que tenho, impulsionar as bochechas rosadas contra os olhos, mostrar o brilho intenso que reflecte a imagem do momento, soltar um som destemido; sorrir.

Sorrio imenso ultimamente. Faço sorrir, muitas vezes. Sabe bem ver a expressão que nos responde àquele singelo movimento. Completa-me, o receber de volta o gesto universal de quem me observa de longe.

Por vezes sem motivo aparente ou em momentos até mesmo inoportunos, o sorriso e o riso apoderam-se de mim, ficando presos e contagiando quem me olha, quem me ama.

Porém, não gosto de sorrisos forçados, de sorrisos por sorrir, por apenas ficar bem. Se é para sorrir, que se faça com gosto.