Não escrevo há muito tempo. Nada para além de apontamentos tirados nas aulas e papéis que passam de mão em mão. Nada pessoal, nada registado.
Deparei-me há praticamente três meses com uma nova vida, uma nova independência cada vez mais demarcada. Só agora me apercebo do quanto cresci aqui dentro (estou a apontar para a caixa craniana, mas não me conseguem ver...).
Já não sou a menina que passou a adolescência à cabeçada a tudo e todos, já não sou a impulsiva obcecada com a razão. Agora que já passei a fase da parvoeira, reconheço o valor de cada pessoa e momento e a possibilidade de existirem razões para além das que conheço.
O coração também se expandiu, depois de muito ser esquartejado, pobre coitado, mas cresceu em conforto. Fizeram-no crescer.
A mãezinha já não faz as refeições, a mãezinha já não serve de motorista, mas a mãezinha ainda dá colo, coisa de que tanto gosto... Sim, eu gosto de estar no colo da minha mãe e de pousar os braços em redor do seu pescoço. É o meu momento de retorno à infância e que perdurará enquanto puder ser.
O paizinho não se convence que a miúda de 1,20m, desdentada e cheia de energia já foi aprimorada numa versão mais composta e controlada, o paizinho não acredita que a filha tem namorado e que essa relação é estável, estável em demasia, a seu ver. Mas o paizinho continua a sorrir ao ver-me evoluir. E agora estou a chorar.
Crescemos demasiado depressa e só agora reparei.
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